Publicado no Jornal Diário Catarinense - Caderno Anexo 3 de Setembro 2014.
Carmen Fossari
Trata-se de um livro de caráter biográfico sobre o
maior pintor catarinense e um dos mais importantes do Brasil
no século 19, Victor Meirelles de Lima (Desterro, 1832 – Rio
de Janeiro, 1903), que junto ao paraibano Pedro Américo (Areia, 1843 –
Florença, 1905) foi expoente da pintura histórica durante o Segundo
Império. Victor Meirelles – Biografia e Legado Artístico será
lançado em Florianópolis nesta quinta-feira, na Fundação Cultural Badesc.
Terezinha Sueli Franz, que é doutora em Belas Artes e professora de Artes Visuais, esmiúça a sociedade em que o artista viveu e surpreende com um amplo panorama daquele contexto. Nos tempos em que as informações chegam truncadas dada a velocidade da sociedade do conhecimento e das mídias sociais, ler um livro com tal densidade de pesquisa documental e iconográfica é como um oásis de seriedade pelo respeito à memória artística inserida na história de Desterro, do Brasil e da América Latina.
Contrariando as biografias existentes, apresenta o menino Victor como bem-nascido, no seio de uma família de negociantes, vinculada ao poder estabelecido. O livro traz ainda o seu primeiro professor de desenho, o argentino Mariano Moreno (1805-1876), que permaneceu exilado na Ilha de Santa Catarina entre 1838 e 1852.
Terezinha Sueli Franz, que é doutora em Belas Artes e professora de Artes Visuais, esmiúça a sociedade em que o artista viveu e surpreende com um amplo panorama daquele contexto. Nos tempos em que as informações chegam truncadas dada a velocidade da sociedade do conhecimento e das mídias sociais, ler um livro com tal densidade de pesquisa documental e iconográfica é como um oásis de seriedade pelo respeito à memória artística inserida na história de Desterro, do Brasil e da América Latina.
Contrariando as biografias existentes, apresenta o menino Victor como bem-nascido, no seio de uma família de negociantes, vinculada ao poder estabelecido. O livro traz ainda o seu primeiro professor de desenho, o argentino Mariano Moreno (1805-1876), que permaneceu exilado na Ilha de Santa Catarina entre 1838 e 1852.
O artista pintou a Rua Augusta (atual João Pinto),
onde morava sua família em meados do século 19
Do sucesso ao abandono
A pesquisa documental aliada à iconografia revela as propriedades dos pais de Victor em Desterro e arredores. Retrocede às origens de sua família, de um lado açoriana, de outro de Portugal Continental, abordando aspectos da imigração portuguesa naqueles primórdios.
Lê-se também sobre o amor misterioso e delicado do
pintor por Flávia Minervina e seu casamento, seis anos após a morte dela, com a
viúva Rozália Ferreira França, que já tinha um filho, Eduardo França.
O artista, que recebeu o Prêmio Viagem de Estudos,
partiu de sua cidade natal aos 14 anos para a Europa, onde recebeu sólida
formação artística durante oito anos. Ao final da vida viveu com recursos
parcos, devido ao abandono do Estado. A República que se instaurava negou tudo
o que se referia ao Império, incluindo um dos seus mais importantes pintores. Ele –
que foi professor de desenho da Princesa Isabel, autor de obras icônicas como
a Primeira Missa no Brasil (1860) e que em idade
avançada produziu os três grandes panoramas – Panorama da
Cidade do Rio de Janeiro (1888), Entrada da Esquadra
Legal no Porto do Rio de Janeiro(1896) e Panorama do
Descobrimento do Brasil (1900) – veio a falecer em fevereiro
de 1903, em total abandono.
Dimensão não explorada
A obra e a pesquisa trazem um olhar investigativo
para os estudiosos e amantes da pintura de Victor Meirelles. Entre as muitas
informações sobre sua família, sabe-se agora que ele teve um irmão, Virgílio,
19 anos mais novo, e que junto com a mãe, Maria da Conceição, foi residir no
Rio de Janeiro na década de 1860. A atenta descrição do seu tempo na terra onde
nasceu transmite uma sensação de maior intimidade com os passos que seguiu em
sua jornada.
A pesquisadora não fecha os olhos a um aspecto que
não aparece nas biografias anteriores do artista: a sociedade escravocrata de
então. A imersão no contexto da escravidão aproxima sua obra aos escravos da
família, que aparecem no inventário de seu pai em 1853. Trata-se de uma
possível doação de uma de suas pinturas para a Irmandade da Igreja do Rosário e
São Benedito dos Homens Pretos em Desterro.
Neste aspecto o livro ganha uma nova dimensão.
Considero-o o multitemático. Como o são as obras dos grandes artistas. Eles
olham além da mera aparência.
Sobre a obra
Sobre a obra
Victor Meirelles – Biografia e
Legado Artístico (2014). De Teresinha Sueli Franz.
Caminho de Dentro Edições. 304 págs. R$ 59 (R$ 40 no lançamento)
Agende-se
O quê: lançamento do livro Victor
Meirelles – Biografia e Legado Artístico, de Teresinha Sueli Franz
Quando: quinta-feira, às 19h
Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis)
Quanto: gratuito
Informações: (48) 3224-8846
Quando: quinta-feira, às 19h
Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis)
Quanto: gratuito
Informações: (48) 3224-8846
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ANEXO
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