quarta-feira, maio 30, 2007

Passagem ao infinito

Passagem ao Infinito

Carmenlúciafossari

Como colcha de retalhos
Coloridos, feitos uma
De bordadas mãos
A costurarem

Como o sol que refratado
Em algum raio
Adentra na janela
Pintando móveis e paredes de
Pura luz

Como o favo
Das abelhas
Construído
Cada qual depositando
Sua parte

Como tantas pétalas
Delicadas da gérbera de cor magenta
Unidas em flor de assim
A serem

Como as folhas que
Sustentam os frutos
E dão sombra
Tão unidas galho a galho
Ao tronco e raiz das árvores

Como a lua em tantas fases
Sendo ela mesma sempre
A nua lua envolta nas estrelas

Como todos os estares de meu
Ser, sou eu mesma na constante
Mutação,

E a seiva que atravessa o meu corpo
Une todas as partículas de existir.

E já me vejo tão alegre como a colcha de retalhos, que de fração unida
Costura o afeto e a alegria
Meu corpo pulsa ao raio sol, que adentra na janela,
E sinto o dia a dia nacarado do mel , que escorre de minha boca
Em doce estar.

Sinto ser como a flor de cor magenta
Dia a dia a semear florestas, as vezes de palavras
E estrelas com raízes na minha alma,
A tocarem no meu corpo
Como se fossem uma passagem
ao infinito


Ilha. MMVII

6 comentários:

joão m. jacinto & poemas disse...

Em cada favo mel se constrói
A doçura plena do enxame.

Nos dedos unem-se retalhos
E nasce a colcha que cobre
Teus seres.

A escrita desdobra-se em palavras
As palavras correm como rios
Os rios são de nós que nascem.

Belo poema Carmen!

Bjs,

jj

CARMEN FOSSARI disse...

Rodrigo,
Obrigada, boa sorte na sua tarefa de imprimir imagens. Abraço
carmen

CARMEN FOSSARI disse...

JOÃO

Teu comentário é um poema tecido nos fios que enleiam este casulo,do poema que plasma.O poeta que está sempre a nascer no útero da palavra escrita,no pensamento que gestiona o verso.
Obrigada. bjs

Carmen

joão m. jacinto & poemas disse...

Como sempre, e porque criar é um acto de amor, crio, recrio, e trabalhosamente não me dou descanso, nem a mim, nem às crias.
Elas que se acabem de criar, mas sempre protegidas sob minha asa.

À abelha-rainha e mestra



Crias

Em cada favo de mel se constrói
a doçura plena do vitae enxame.

Em mãos, unem-se retalhos,
obrada colcha que te cobre
do mundo aos pés.

Crescem-te dispostas letras
ajardinadas a jeito de escrita;
palavras
correm como rios,
da tinta que de ti
nasce.

Trabalhosamente,
crias,
as crias,
e crias...
por amor.

joão jacinto

CARMEN FOSSARI disse...

Joãoooooooooooooooooooo,
que lindo, ...e já li tantas vezes
no dia que amanhecia frio, agora
que o sol se coloca a pino, como um eixo a retirar as sombras... assim a doçura deste pomea, como o sol astro, como agora.
obrigada porque tu presença aqui
reverbera ,e o Armazém fica aquecido e iluminado, com se todos os nomes (homenagem ao SARAMAGO) COUBESSEM na palma de tua mão.

bjs

Carmen

joão m. jacinto & poemas disse...

Entro no Armazém
e sinto o calor
não dos meus escritos
mas da Alma Fossari.

A minha mão
sustenta o mundo
e cabe qualquer universo
que acaricie
a sua palma com ternura,
qual dolce brisa
de fim de tarde.


bj,

jj