Águas de Fim de Março
Carmenluciafossari
Á água
Busca sua cova
Seu remanso
Sua corredeira
Se ,em espera
Ao ar se evapora
Desde que lhe toquem
Raios do sol
Outro dia pensei-me água
Mas, nas corredeiras que me busco
Não estão, feito às águas, a descerem das,
Terraças Incas,
E dos morros descidas
A terra a se irrigar
Nem as da vastidão dos oceanos
Como um manto azul sobre a terra
Dando-lhe o gosto de sal
E brincando nas beiradas
De praias de ir e vir
E virando-se em ondas
E tubos
Pra alegrar a quem em surfando
A paixão deleita
De pé, deslizando
À praia
Nem de circulares formas dos lagos, lagoas,
Como doces a beijarem a boca
De sabor aquoso que refresca
a noite mais quente
Nem as da correnteza, que desce,
Do rio nascido da fonte
E do leito a ganhar seu volume
Talvez, de toda chuva,
Apenas uma gota caída
Talvez da geada uma pedrinha
A rolar
Enquanto não desmanchada,
Quem sabe um pouco mais,uma poça
Da água restante do temporal
Ou ainda o fio a cair da torneira
Caindo na panela
Que espera paciente
Completar-se
Não sei em que água
Reflito, ao luar, um espelho
De estar
Sei que tenho sede
E, todas as águas,
Deságuam longe
Nem minhas mãos alcançam
Feito conchas a buscar
Aquela porção
Capaz de saciar a sede que tenho
De ser água
Então, estaria eu ,
Em chuva cair
Adentrando nas flores
Batendo ao vidro da janela
Escorrendo gota a gota
Até formarem uma névoa
Tão aquosa
Onde a escorrer em água meus olhos
Te encontrariam, desde o afluente
Sete rios.
E, em água feita
Minha sede finda
Buscaria os tentáculos da água viva
Não para queimar a pele tua
Apenas para tatuar
Minha sede de ti.
Ilha 26 de março MMVII
3 comentários:
Ao Menino do Montijo
Estas águas de Março...
água é vida,
a sede mata,
sete rios
de ruas e gentes,
sete vidas
sete mares,
quarenta e três margaridas...
Parabéns, pelo fantástico poema!
jóão jacinto
Carmen obrigada pela sua passada no nosso blog. Suas poesias também serão bem-vindas. Ele é aberto a qualquer fazer artístico, beijos
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