sexta-feira, março 30, 2012

MOVIMENTOS NA TERRA

MOVIMENTOS NA TERRA
(pela terra que queremos)



Por Carmen Lúcia Fossari


I


Mãos com desejo de terras
Sulcadas , aradas de aragens,
Da exclusão.
Crianças com facas afiadas
Ali sentadas no chão
Fincando o lucro, cortando
Para o patrão do pai patrão
Tão miserável esta vida, tão longe
De qualquer prazer.
Há que produzir para garantir menos
Fome
Ao menos , o menos dos mesmos
Anos de latifúndio de tantas terras
E eiras do poder da coação,
Coração? Metáfora de caridades vãs!
Palavras de vésperas eleitorais
Criatividade popular, tão secular
Quem sabe uma sopa de pedra?
Escargot? Foi grass
Como o paladar em requinte se apruma...
Arrumando malas fugidias das terras
Cercados de armados escudos humanos
A propriedade permanece
INTACTA
De pai para filho....
Novos tempos e....
Agora são mulheres, crianças, homens
Nas mãos já trazem outras as facas
Os mesmos desejos de todos
O acalento comum um bom
Pedaço de terra, então
O tudo
Será plantação, espera de chuva,
Afetos, e cama quente nas madrugadas cansadas
Onde o amor se deitará no leito e
Avizinhará outro leito de rio...

II

Rios de peixes e sonhos...
Há ritmo de uma marcha que não pára
Esta terra , a queremos, dizem
Se aí está adormecida por donatários
Imberbes
Acordamos com nossa intervenção
Não a pedimos, a penetramos
Para garantizar-lhes os frutos
Não é furto doutor,
Dizem em uníssonas vozes.
Nada havia plantado, sequer uma rama
Ou grama para provar a propriedade
Propriedade de terra doutor- dizem eles-
Os das mãos antes vazias, as crianças, as mulheres,
Os homens ,
É o germinar a semente , o grão.
Propriedade de terra papel não faz florescer
Nem o verde que nos alimentará,
Nem o grão que a cidade vai provar um dia
Quando como na terra, cada qual será um igual

III

Assim seguimos o movimento, seguindo o turno das águas
Os mistérios da noite que o dia busca revelar
Desvendamos com nossa coragem...
O segredo do latifúndio
E voltamos á terra, sem eira nem beira,
IV
E assim as mãos tateiam a terra como quem
Aproxima as mãos do corpo amado
Movidos por ventos, esperanças e também,
Enclausurados da realidade no outro vértice
O que não permite o sonho , e apesar de ,
Marchamos
E ouvimos a cotovia...que canta!

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