domingo, fevereiro 21, 2010

MOI



MOI
carmen l. fossari

Queria contar os moinhos
De letras que escorrem
Do vento e da chuva
Que em tormenta habitam
Meu ser de estar a esmos

Olho a Lua crescente
Sou minguante
A escuridão da noite
Reveste a camada do dia
Sento a soletrar as nuvens
Sinto que a tempestade
Aproxima meu estar
Mas elas estão lá, brancas
E suaves, enquanto a terra gira
Formam as alvas nuvens
Tantas figuras
Um homem velho, agora um cordeiro
Agora nuvens parecendo nuvens
De brincar, só de brincar
Quebro o pensamento
Com a ausência que me avassala
Quisera o coração pulando
Dançando na palavra
Amor
Estática, só as sombras me enleiam
Que já nada sinto nem afeto, nem saudades
Nem desejo de voltar
Volteio na ausência d.eu
E um filete de luz tenta
Me encontrar
E nele deposito
A leveza de estar,
Estando ausente de eu mesma
Que sem o arroubo da paixão
Me perco em nada ser.

St. Etienne Fr. 2004

Um comentário:

Manuel da Rosalina disse...

A poeta na procura constante de si, por entre as tempestades do seu eu mais profundo, misturando-se por entre a natureza e seus fenómenos e os sonhos, os sonhos que motivam à poesia da vida, vestindo-se poeta e ser.

Grato pelo seu comentário ao menino de Montijo!

bjs,

jj