sábado, setembro 09, 2006

UM DIA

I

Como, quem descobre
Um som que toca uma suave
Ária , possível de nascer,
Dos desafinados instrumentos
Guardados em porões seculares,
Agora Afinados ao som Diário ,
De uma Dialética tão necessária

Como, mais que o espelho ao convexo do
Verso em avesso atravesso uma rua
Fria deste inverno permanente de meu país
Fecho uma vez mais meu coração
Para esta humilhante miséria de pobreza
Que se esparrama no leito da rua
Abro agora, os olhos e estendo estas mãos tão
Frágeis de sombras que se perdem
Em tão absoluto labirinto de vaniedades

Abro meu corpo achando possível
Esconder estas tatuagens circundantes
Cravadas a fome, frio , salário mínimo da

Inexistente consciência do ser ante o ter
Ter em tão poucas as mãos o tudo
Concentração de renda, que quero se reparta
Em partes, não nas costumeiras patas,
Protegidas pelas oficiais armas da dita lei e justiça
Dos ricos,
Encolhe-me, no meio da rua , tão negra, como as negras mulheres
Indormidas deste país donde vivo.
Cravo em vergonha , o mais profundo esconderijo para este país
Brasilis (de tantos miseráveis e mínimos donatários)
..... e desprovida dos meus outros eus...
Saúdo a dialética , capaz de contar-me que ,
Isto
É apenas isto nem sequer é,
Porque há de ser superado




II
Como, a historia em conta gotas
Das rebeliões, tormentas e outros ventos
Isto há de ser o sido, o tido
O contido
Até as conchas do mar se tocadas abrem...
E por ti, por mim, por todos,
Os ponteiros dos relógios
Sinalizarão em linguagem das mãos
Tempos de mão a mão ,
de mãos, às mãos dos carinhos
Não retidos, mãos dos obreiros e dos abraços
Mãos do reparte em partes, mãos de nós mesmos
Rarefeitos de um ar livre, aonde ouviremos aquela ária
Secularmente trabalhada por obreiros

E, os instrumentos musicais
Desta diária e noturna Dialética
Farão brotar dos porões melodias
porque já será tão
sonoro viver...

Carmen Lúcia Fossari

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