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quarta-feira, setembro 26, 2007
meu de (sen) canto
MEU DE (SEN) CANTO
Carmen Fossari
Canto para que a dor se espraie até esgotar
Todas as gotejantes lamúrias
Murmuro entre todos os muros que minhas mãos construíram
E desabaram na minha inútil alvenaria
O vôo que não voei e de espera o desejei
O mar que foi em ondas
Antes de meus pés pisarem na areia
O olhar que alcancei. quando cansada
Desisti de seguir as sombras
Nos tímidos prenúncios da claridade
Em dadivosa seqüência os sons
De meu canto trinaram a mais profunda solidão antes do sol,
No meio da lua, que um dia fora vermelha
Como morangos saltitando da boca
Ao ato do encanto
Entraram em mim do branco das frias luas
O frio mais gélido
A neve do branco a cair
Enrijeceu o corpo e o fez
Lágrimas ofertadas ao rio
Que um dia correu
Nas correntezas das minhas veias
Sem voz ou lágrima, ou sombra, ou fagulha
Apaguei em ser, ter de si, meu ter.
Serei vácuo aos teus olhos
Que voltarão sem mapas
A bússola que me ofertei
Em te amar
Serei o silencio depois do canto do lamento
Que já serão teus lábios a entoarem
No rio da dor.
Caminharei nas margens, até não sentir mais meus pés.
E nada mais terá ressonância, só o eco de meu lamento
Que entôo.
10 de Junho de 2006
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4 comentários:
Faz doer
Quando nada sabia,
julgava saber tudo.
Agora que tanto aprendo,
nada sei.
A consciência,
a que me obrigo,
faz doer.
joão jacinto
Maravilhoso o seu poema!
Bj,
jj
este breve poema, traz os versos jacinteanos, os que nos tomam de surpresa e redirecionam o pensamento ao inusitado.E na síntese do verso,um uni verso amplo se descortina. Mitérios das constelações de eus são revelados ao sabor da poesia do Menino de Montijo
bj
carmen
Andei por mundos e voltei hoje aqui... Percebo que és uma sibila das palavras e das cores, e as imagens, oh imagens que ressaltam a cada esquina de cada verso, e que me assaltam não para me retaliarem, mas para me preencherem ainda mais...
Um Bem haja
Dom
SUA VISITA,É SEMPRE UMA ALEGRIA, POR SUA GENEROSIDADE PULSANTE NAS PALAVRAS QUE DEIXA, IMPREGNANDO DE OLHOS CRIADORES UMA RECRIAÇÃO DOS POEMAS SEMPRE CERTAMENTE MAIS INSTIGANTES QUE OS PRÓPRIOS.
EVOÉ, UM ABRAÇO
QUE A INSPIRAÇÃO CONTINUE UM DON PARA DOM.
Carmen
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